domingo, setembro 25, 2005  

Conceito e histórico

Robert Gilman em seu livro intitulado "O que é uma Eco-Vila?" (1991) nos oferece a seguinte explicação: "Uma Eco-Vila é um assentamento de escala humana completamente caracterizado onde as atividades humanas estão integradas ao mundo natural de maneira não danosa e de tal forma que dêem apoio ao desenvolvimento humano saudável e que se possa continuar indefinidamente ao futuro".

As Ecovilas são consideradas modelos de comunidades intencionais ou comunidades sustentáveis. A idéia de Ecovilas foi incorporada pelas Nações Unidas no Programa de Desenvolvimento de Comunidades Sustentáveis (SCDP).

A Rede Global de Ecovilas - GEN - tem como objetivo expandir e aperfeiçoar o número desses assentamentos em outros países e congrega uma série de condomínios ecológicos no mundo todo. Foi criada em 1995, por ocasião da Conferência sobre as Ecovilas e Comunidades Sustentáveis - Modelos para o Século XXI, realizada na Fundação Findhorn na Escócia, entidade implantada há mais de 30 anos que dá ênfase a sustentabilidade ecológica, econômica, cultural e espiritual.

O movimento das Ecovilas já chegou a diversos países da Europa, América do Norte, Austrália, África do Sul e, recentemente, na América do Sul. Esse movimento encontra-se interligado com o Princípio da Permacultura, que se caracteriza como uma "agricultura permanente", ou seja, que se torna auto-sustentável com o tempo. Esse conceito foi desenvolvido nos anos 70 por dois australianos: David Holmgren e Bill Mollison e se iniciou na produção de alimentos e atualmente diversifica-se em diferentes áreas como paisagismo, arquitetura ecológica e design de produtos.

Existe um tema inserido no conceito de Permacultura, o permadesign, que utiliza como matéria-prima elementos naturais reciclados das indústrias para fabricação de móveis e utilitários domésticos. Utilizam-se também fontes alternativas de energia, vindas do sol, da água e do vento.

As comunidades permaculturais no Brasil localizam-se na Chapada Diamantina, na Bahia, Minas Gerais (Fazenda Ananda Kirtana, próximo a Juiz de Fora) e em São Paulo (Centro de Vivências Nazaré), além de três comunidades alternativas: As Rodas, Lothlorien e Campina que, há vários anos, aplicam os princípios permaculturais no esquema de vida rural na região do vale do Capão. O fato é que, na ótica desse trabalho, os conjuntos de medidas visam a redução dos impactos provocados por atividades e intervenções humanas sobre o meio ambiente.

Mas a Permacultura no Brasil ainda é incipiente: existem poucas instituições que defendem e buscam este principio. Algumas delas são: Organizações Não Governamentais, como o Instituto de Permacultura da Bahia; o Garra (Agroecologia de Irecê); e o Sabiá (Centro de Desenvolvimento Agroecológico). Há ainda o IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) e o IPEMA (Instituto de Permacultura da Mata Atlântica), este último situado em Ubatuba, São Paulo.

Os exemplos das Ecovilas reproduzem conceitos que se reúnem numa prática constante de mudanças de hábitos e crenças, comportamentos individuais e coletivos; harmonizar o planeta, de forma equilibrada e inovadora; ceder a estilos de vida mais saudáveis, com planos de ação, visando a proteção do meio ambiente e a utilização racional dos recursos naturais.

A mudança de consciência posiciona o homem frente à natureza, no compromisso de cada um, como se todos fossem integradores de uma grande ação, a sustentabilidade do planeta, em que o objetivo é a conservação da vida global. Novos paradigmas poderão emergir da própria mudança de postura de grupos de pessoas que são guiadas por princípios ecológicos.

O estilo de vida adotado nas ecovilas permite a criação da justiça e cooperação globais. Por exemplo: no Sri Lanka (adotaram um cessar-fogo depois de 40 anos de guerra graças em grande parte a Sarvodaya, uma rede de 12.000 vilas) e no Senegal (onde o governo reconhece as ecovilas como novo modelo de desenvolvimento), assim como em muitas outras partes do hemisfério sul. Como modelo e alternativa à globalização, espera-se que as ecovilas possam unir os países e ONGs criando um novo conceito comum de desenvolvimento planetário.

Encontrar alternativas que fortaleçam os pequenos assentamentos humanos no Brasil, transformando-os em ecovilas, significa reduzir as pressões sobre as cidades. Snyder sugeriu que as ecovilas podem ser aplicadas no entorno de parques e unidades de conservação para reduzir a pressão da população humana sobre as áreas protegidas".

Já se somam em torno de 15 mil ecovilas no planeta, mas o trajeto para chegar até uma delas pode ser bem tortuoso - geralmente por uma longa estrada de terra. E não se trata apenas do acesso físico. Alcançar a categoria de uma vila ecológica - uma ecovila - nos moldes em que o termo foi lançado, em 1995 na conferência "Ecovilas e Comunidades Sustentáveis para o século 21", é um processo, não uma decisão. "Um monte de gente morando junto não faz uma ecovila, não é um condomínio onde se planta o que se come. As pessoas ali devem desenvolver um vínculo ambiental, social ou espiritual", diz May East, brasileira que mora a oito anos na aldeia ecológica da Fundação Findhorn, na Escócia, sede da conferência que criou a Rede Global de Ecovilas (Global Ecovillage Network).

Fundada em 1962 como organização não-governamental associada ao Departamento de Informação Pública das Nações Unidas, a Findhorn tornou-se uma comunidade ecológica modelo: foi construída com materiais ecológicos, produz 27% de sua energia elétrica, trata seu esgoto, cultiva 60% de sua comida, é gerido por um processo de tomada de decisões considerado profundamente democrático e oferece sistema de apoio à saúde holística. Começou com 3 pessoas e hoje conta com 500 integrantes de 40 países.

No projeto das ecovilas, o luxo passa longe: May mora com o marido e as duas filhas num big barril de whisky reciclado. Mas o prazer de viver nessas habitações não provém só da estética. "Me sinto feliz em ter escolhido a simplicidade voluntária, de cultivar minha própria comida e mostrar que não vivo numa utopia. Não sou hippie. Nascemos como um laboratório e nos tornamos modelo de inspiração", diz ela.

Para bater a idealização de quem pensa que numa ecovila tudo se processa na base da "paz e amor", uma lembrança: May diz que o maior desafio na formação dessa comunidade não é o domínio de uma nova técnica ecológica, mas sim a administração das diferenças entre seus moradores.

Enfim, uma ecovila deve ser um assentamento completo, de proporções humanamente manejáveis, que integre as atividades humanas no ambiente natural sem degradação, e que sustente o desenvolvimento humano saudável de forma contínua e permanente. A Terra é um patrimônio que a humanidade tem interesse em preservar.


 
OS ELEMENTOS DE UMA ECOVILA

Tudo começa com um pedaço de terra no qual se deixa lugar para a vida selvagem e para o lazer. Grupos de 10 a 30 casas juntas umas às outras com áreas comuns definidas pelos futuros moradores, agricultura biológica e comunitária garantido produtos locais frescos, criação de centros comunitários e criação de empregos locais. Gente livre que está tomando a responsabilidade de suas vidas, do ambiente que as rodeia e da criação de uma comunidade global nas próprias mãos, lançando as bases para uma nova cultura global.

É difícil julgar qualquer assentamento humano em relação às suas qualidades de sustentação. Algumas comunidades podem apresentar um nível de auto-suficiência elevado quanto à produção de alimentos ou energia, mas as suas estruturas de relacionamento social são fracas e levam ao conflito crônico entre os residentes. Outras podem regozijar-se em uma atmosfera fraterna de cooperação, sem produzir sequer o seu alimento mais básico.

Quais, dentre estes, seriam os assentamentos mais sustentáveis? Quais seriam aqueles a permanecer vivos por muitas gerações?

Para ajudar a compreender melhor esta questão, foram estabelecidos quatro elementos fundamentais de uma ecovila.


OS QUATRO CAMPOS DE UMA ECOVILA
1) Infra-estrutura:

- Sistemas de captação, armazenamento, distribuição e reciclagem da água

Ecovilas devem preocupar-se com o abastecimento adequado de água potável e para irrigação, armazenando a pluviosidade e melhorando a qualidade das nascentes e córregos existentes. Também o tratamento biológico da água utilizada deve ser uma prioridade. A qualidade da água descartada por qualquer comunidade deve ser igual ou superior àquela utilizada. O planejamento adequado para a utilização das águas superficiais, particularmente do escorrimento superficial que ocorre em áreas pavimentadas, telhados e solos descobertos, é mais um fator a ser considerado.

- Sistemas de geração de energia renovável

A prioridade deve ser a conservação e a economia de energia. Busca-se a utilização de aparelhos e instrumentos mais econômicos, e a mudança de atitude cultural em relação ao desperdício de energia elétrica. Toda ecovila deve investigar as origens locais da energia elétrica reticulada, para estabelecer sua procedência e seu impacto ambiental. Esta investigação pode levar a uma conclusão quanto às quantidades de energia que serão necessárias gerar localmente para a sustentação da comunidade.

Existem muitas tecnologias para a geração sustentável de energia renovável: solar, micro-hidráulica, eólica, biogás etc. É de responsabilidade de todo assentamento investigar as alternativas mais viáveis, calcular o investimento necessário e o tempo para amortização, tendo em conta as características específicas do local.

- Redução das necessidades de transporte

Ecovilas definem um estilo de vida que, por sua natureza, demanda pouco dos recursos de transporte, particularmente do transporte de alimentos e materiais. O transporte de pessoas também é reduzido com a criação de postos de trabalho locais (em algumas ecovilas). Com o natural embelezamento do ambiente, se tornam também desnecessárias as "escapadas" para o mundo natural, comum em populações urbana estressadas.

Para aquelas necessidades de transporte inevitáveis, existem alternativas comunitárias cooperativas, e mesmo tecnologias eficazes que barateiam o custo e reduzem (ou eliminam) a poluição e a degradação do ambiente. Certamente que uma ênfase na coletivização do transporte é necessária para o desenvolvimento de estratégias sustentáveis a nível regional.

Ainda ficam por ser resolvidas as questões de transporte a longas distâncias.

- Acesso à comunicação

Com sistemas de comunicação eficientes, as necessidades de transporte são muito reduzidas. Basta compararmos os efeitos que tais tecnologias, como o telefone, fax e modem, tem causado na comunicação entre as pessoas.

Sem que se elimine as interações pessoais, a ecovila necessita considerar, tanto as suas formas de comunicação interna (quadros de aviso, boletins, intranets etc.), quanto às conexões com o mundo exterior.

Cada ecovila do planeta necessitará um centro de informações, onde as comunicações diárias entre a comunidade, e desta com o mundo, possam ocorrer. Assim, se espera evitar o isolamento que hoje é imposto nas populações rurais, e em uma escala maior, o isolamento imposto nos países menos industrializados.



2) Produção e consumo de alimentos e necessidades básicas:

Telhado de grama









O sistema econômico e social, que exige o transporte do alimento produzido localmente para cidades distantes, é um processo que alimenta a especulação e empobrece a região. Ao mesmo tempo a deposição dos resíduos e poluentes deste processo é, em grande parte, levada para fora da cidade, depositando nas zonas previamente férteis dos vales rurais.

A produção orgânica e permanente de alimentos deve ser uma atividade de todo e qualquer assentamento. Um mínimo de 60% a 80% de auto-suficiência alimentar deve ser esperado das comunidades, inclusive nas zonas urbanas. Isto não significa que todas as pessoas devem engajar-se na agricultura. Pelo contrário, uma família dedicada a esta tarefa, e com suficiente espaço disponível, pode alimentar outras oito famílias, que podem se dedicar a outras necessidades básicas.

Todas as regiões do planeta devem priorizar a produção de alimento saudável, orgânico e diversificado em abundância para seus habitantes, além de delimitar áreas específicas para o desenvolvimento natural dos ecossistemas locais. A comercialização inter-regional de alimentos específicos, fibras e outras especialidades só deveria existir uma vez que a condição básica de alimentação tenha sido alcançada.

A Permacultura é um sistema que orienta para este fim. O objetivo é a eficiência energética máxima em todas as interações de um sistema vivo. Desde a localização das habitações até a criação de florestas de alimentos e ecossistemas aquáticos, a Permacultura permite a concentração da produção das necessidades humanas básicas em pequenos espaços.

O sistema econômico e social, que exige o transporte do alimento produzido localmente para cidades distantes, é um processo que alimenta a especulação e empobrece a região. Ao mesmo tempo a deposição dos resíduos e poluentes deste processo é, em grande parte, levada para fora da cidade, depositando nas zonas previamente férteis dos vales rurais.

A produção orgânica e permanente de alimentos deve ser uma atividade de todo e qualquer assentamento. Um mínimo de 60% a 80% de auto-suficiência alimentar deve ser esperado das comunidades, inclusive nas zonas urbanas. Isto não significa que todas as pessoas devem engajar-se na agricultura. Pelo contrário, uma família dedicada a esta tarefa, e com suficiente espaço disponível, pode alimentar outras oito famílias, que podem se dedicar a outras necessidades básicas.

Todas as regiões do planeta devem priorizar a produção de alimento saudável, orgânico e diversificado em abundância para seus habitantes, além de delimitar áreas específicas para o desenvolvimento natural dos ecossistemas locais. A comercialização inter-regional de alimentos específicos, fibras e outras especialidades só deveria existir uma vez que a condição básica de alimentação tenha sido alcançada.

A Permacultura é um sistema que orienta para este fim. O objetivo é a eficiência energética máxima em todas as interações de um sistema vivo. Desde a localização das habitações até a criação de florestas de alimentos e ecossistemas aquáticos, a Permacultura permite a concentração da produção das necessidades humanas básicas em pequenos espaços.


3) Arquitetura e construção ecológicas:
Quando assentamentos sustentáveis são o objetivo, o projeto e a construção das edificações deve respeitar o bom senso em relação à utilização prioritária de materiais locais, não tóxicos, além das técnicas apropriadas para a participação comunitária na construção de suas habitações. A indústria da construção civil é responsável pelo maior consumo dos recursos naturais no planeta. Florestas , metais, e outros recursos são utilizados com enorme desperdício, em prejuízo das futuras gerações.

Enquanto isto, três quartos das habitações do planeta são eretas com o material mais básico: a terra, e permanecem por séculos. Argila, palha, pedras e até mesmo a madeira, plantada para este fim, podem substituir a grande maioria dos materiais hoje utilizados na construção civil.

É muito importante que haja uma revisão dos valores pessoais, particularmente aqueles relativos aos conceitos estéticos. Ecovilas são bonitas, as casas são confortáveis e eficientes. E seus habitantes se beneficiam da saúde proveniente de uma habitação não tóxica.

- Consideração ao ciclo de vida dos materiais

Antes da aquisição de um objeto, deve-se realizar uma reflexão quanto ao ciclo de vida dos materiais que serão utilizados neste objeto. Será que existe mesmo a necessidade da compra? Pode este objeto ser consertado em caso de falha? Por quanto tempo será útil? Poderá ser reciclado? Poderia ser substituído por outro feito de materiais naturais locais? A análise do ciclo de vida dos materiais já faz parte das organizações empresariais mais avançadas. Está intimamente relacionada aos conceitos de qualidade. Este aspecto nos leva a considerar os impactos ecológicos, regionais e sociais da tecnologia que optamos por utilizar.

A Permacultura sugere uma priorização na utilização dos recursos:

Prioritários:

aqueles que aumentam com o uso (ex. informação...);
aqueles não afetados pelo uso (ex. água em micro-hidroelétricas...);
recursos que se degradam quando não utilizados (ex. frutas, hortaliças...).
Banidos:

aqueles que destroem (ex. agrotóxicos, energia nuclear...).
- Restauração dos ecossistemas naturais

A redução das quantidades de solo fértil no planeta é o problema mais urgente que enfrentamos. As florestas, mangues e sistemas aquáticos da Terra também têm sofrido uma degradação sem precedente, em sua maioria devida ás atividades humanas. Todas as ecovilas devem engajar-se em programas de plantio de florestas, eliminação de erosão e recuperação das áreas degradadas nas suas regiões. Esta ação, em si só, teria condições de absorver todo o desemprego existente nas regiões habitadas do mundo.



4) Estruturas Sociais e Econômicas

- Decisão e governo a nível local

Um fluxo circular de informação permite que todos participem, de alguma forma, no processo decisório, particularmente naquelas decisões que tenham impacto direto nas suas vidas. Círculos sempre foram parte integrante do processo decisório de tribos e comunidades ancestrais.

Esta questão leva à discussão sobre o número ideal para que uma comunidade possa decidir seus rumos. Um assentamento não pode ser muito numeroso, para que todos tenham voz e acesso às suas lideranças, nem tão minúsculo, arriscando assim a sustentabilidade econômica ou genética. Um número muito acima de 500 pessoas sugere a necessidade de subdivisões territoriais e sociais, aproveitando talvez, os marcos geográficos que ocorrem naturalmente.

Este campo de estudo nos apresenta alguns dados interessantes. De acordo com Mollison, os assentamentos humanos variam na sua capacidade de prover os recursos necessários para a sua população de forma sustentável em função da população. Também variam os níveis de conflito e o comportamento social dos grupos.

Um número de cem pessoas adultas seria necessário para estabelecer uma instituição financeira local sustentável. Sabemos que 500 pessoas é o limite aproximado para que todos possam se conhecer.

Um bom início poderia estar em torno de 30 adultos, com suas crianças, atingindo gradativamente uma população de 200 ou 300. Uma ecovila não pode negligenciar a necessidade de estabelecer um relacionamento pessoal entre seus habitantes, mesmo que se limite a uma convivência cordial. Este fator é comprovadamente vital para a sobrevivência, particularmente em situações de calamidade ou desastre.



Quadro comparativo entre as populações de assentamentos (adaptado de Bill Mollison and Christopher Alexander):

Número de pessoas

Comentário

30 a 40

Mínimo número de pessoas para cobrir a maioria das funções humanas.

200 a 300

Mínimo para a variabilidade genética humana.

600 a 1.000

Máximo para o relacionamento pessoal e a representatividade de todos.

1.000 a 5.000

Máximo para uma federação de ecovilas.

7.000 a 40.000

Funcional somente se organizado em vilas ou cooperativas confederadas.

50000

Máximo para uma cidade organizada.



Por exemplo, na região basca da Espanha, as "Cooperativas Mondragon" são um grupo de comunidades intencionais muito bem sucedido. A produção de alimentos e a manufatura de utensílios (inclusive refrigeradores e outros produtos elétricos) são distribuídas e organizadas em várias ecovilas. Aqui, a lição aprendida é de que grupos maiores que quinhentas pessoas tendem a tornar-se burocráticos e perder eficiência. Bill Mollison, o grande visionário Australiano, em seu clássico "Permaculture: A Designer´s Manual", confirma este dado, e adiciona que uma população maior que 2000 pessoas começa a sofrer problemas de criminalidade. A experiência Dinamarquesa acrescenta a isto o conceito de subgrupos, nos projetos conhecidos como "cohousing", que se proliferaram por aquele país e por grande parte do hemisfério norte. Aqui, os residentes concluíram que o número máximo de casas em um subgrupo deve ser em torno de trinta, o que reflete um número de aproximadamente 75 pessoas.

- Sistemas econômicos locais

Sistemas de trocas de trabalho e de produção, cooperativas de crédito regionais e outras formas de integração das atividades econômicas regionais, com as suas necessidades e possibilidades reais surgirão com a organização comunitária. É importante que exista um trabalho consciente no sentido de desenvolver as alternativas econômicas, primeiro a nível comunitário, e em seguida a nível bio-regional.

- Sistemas de saúde preventiva

A maior parte dos custos, que hoje são provenientes de um sistema de saúde que trata a doença, sem eliminar a causa, poderiam ser economizados. Um estilo de vida saudável, em ambiente apropriado, com uma dieta compatível, é a melhor prevenção às doenças.

Sem abdicar dos benefícios da medicina moderna, pode-se criar formas para atender a estas necessidades a nível regional. Particularmente para os idosos, as gestantes e as crianças, é necessário um atendimento e um apoio humanitário que venha de dentro de suas comunidades.

- Educação para a realidade

Todo assentamento tem um compromisso com a formação da consciência e a capacitação para o trabalho de seus habitantes. O crescimento pessoal e a satisfação são atingidos a partir de um sistema que reconheça as particularidades e as vocações individuais, sem negligenciar as necessidades de sobrevivência do grupo. A ecovila tem também a responsabilidade de educar e conscientizar seus vizinhos, dentro e além da região.

- Estruturas Culturais

Ecovilas são assentamentos seguros, que garantem a expressão pessoal, artística ou espiritual de seus habitantes, sem no entanto comprometer o espaço privado de cada um.

É de fundamental importância que existam oportunidades para as manifestações da criatividade humana, suas artes e seus rituais. A diversidade cultural de uma comunidade é a oportunidade para o desenvolvimento de uma verdadeira visão global do mundo. Uma nova consciência global pode emergir desta diversidade reconhecida, protegida e celebrada nos festivais, feiras e ritos.